quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Chega de alegorias

Diário Catarinense ; Laudelino José Sardá ; 7/2/2008

Ao receber, com Zininho, em meados de 80, o título de "Manezinho da Ilha", expressei o temor de um novo tipo de mané surgir como uma grife produzida com cosméticos importados. O autor da comenda, Aldírio Simões, ironizou com a observação de que "o mané puro não perde a raiz".

Em pouco mais de 15 anos, a Ilha ganhou anúncios de qualidade de vida, em meio à violência e ao estresse urbano que contaminam cada vez mais a maioria das capitais. Florianópolis sofreu dois tipos de invasão.

No primeiro, famílias de classe mediana vieram construir uma nova vida. A outra invasão ocorreu com os milionários, que chegam na sexta-feira para ver a família e retornam na segunda para seus negócios e investimentos.

A cidade apenas engordou, sem oxigênio. Os imigrantes de poucos recursos ajudaram a piorar o esgoto, ampliar escolas particulares, superlotar hospitais, etc. A cidade não se estruturara porque não tem gestores e sim "fazedores" de obras.

Há 10 dias, um empresário carioca confessou-me que "em 2005 vendi tudo no Rio para investir na Ilha. Agora vou voltar a investir no Rio".

Imóveis supervalorizados, restaurantes e bares arcaicos, temporadas de verão frustrantes, tudo isso torna a magia num engodo.

Vivemos à base de alegorias.

O mané virou chacota sob os maldizeres dos que tomaram a ilha como sua fortaleza.

Em conseqüência, a violência se expande, as favelas conquistam novos espaços, casas e edifícios se amontoam nos balneários, enquanto a prefeitura improvisa soluções com obras.

Basta, mané! Precisamos de um prefeito que planeje a cidade do amanhã. A cidade precisa definir proposta, ter leis sérias, políticos honestos e comprometidos e conviver com a sua natureza.

É necessário substituir as vaidades e o egocentrismo pela solidariedade para salvar a nossa Desterro.

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